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segunda-feira, 23 de abril de 2012

Conto - No limite da vida

O sol brilhava forte no rosto de Carlos, quando um forte estrondo foi ouvido na dianteira de seu carro, após girar diversas vezes ele sentiu-se arremessado para fora de seu veículo.
O forte cheiro de gasolina que pairava no ar, deixava-o ainda mais tonto, sem ainda entender ao certo o que acontecera.
Tudo estava meio na penumbra, ouvia vozes de pessoas que se aproximavam mas não conseguia saber se estavam perto o suficiente para socorrê-lo, afinal ele sentira que havia sido jogado para fora do carro e que havia rolado por uma ribanceira por vários metros.
Em sua mente, lembranças daquele dia começavam a aflorar, primeiro o amanhecer daquele belo domingo de sol, a turma toda o esperando para aquele churrasco no sítio de um amigo de infância.
Lembrava-se vagamente do que fizera por lá, mas o gosto de cerveja misturado com vodca ainda era forte em sua boca.
Sentia-se sem condições de se movimentar, e uma forte dor na parte posterior da cabeça, fazia com que se preocupasse com sua situação atual.
Ainda era possível escutar dentro de seu subconsciente as gargalhadas de seus amigos em volta da piscina, incentivando-o a tomar mais uma dose, todos alegres e bebendo muito.
A lembrança de sua namorada, dizendo-lhe para não beber tanto, também era forte ao ponto dele ficar novamente incomodado com as palavras que ela havia lhe dito.
- Se continuar bebendo assim eu vou embora com minhas amigas.
Ela havia lhe alertado, mas ele orgulhoso e cheio de si, lhe disse que faria o que tinha vontade de fazer, ou seja beber com seus amigos.
A alegria da festa, estava agora misturada a um sentimento estranho de leve torpor e dor, uma angústia que ele não saberia definir para ninguém.
As vozes que ele ouvia ao longe por vezes se afastavam, e por mais que ele tentasse abrir bem seus olhos, ele enxergava tudo embaçado, por certo devido ao impacto que sofrera com a cabeça, pensava ele.
Seu carro havia capotado diversas vezes, e seu corpo fora realmente arremessado para fora do veículo, mas apesar disto ele estava consciente e temeroso de que não o encontrariam naquela ribanceira coberta de mato.
Foi quando ele sentiu alguem segurar em seu braço, e chamá-lo pelo nome.
- Carlos, tudo ficará bem.
- Que bom – pensou ele – agora estou sendo socorrido, e deve ser algum dos meus amigos da festa, pois até sabe meu nome.
Ele agora lembrava-se de que no final da festa muito embriagado, ainda de tarde com o sol forte do verão iluminando a estrada, resolveu ir embora dirigindo seu carro, sem dar ouvidos a sua namorada que ficou contrariada com sua atitude.
Ainda era possível sentir a latinha de cerveja na sua mão, momentos antes do impacto que o acometera.
Em poucos minutos ele foi recolhido em uma maca, e sentiu que estavam lhe sedando pois adormecera imediatamente.
Depois de um sono confuso, onde por diversas vezes ouvira vozes que lhe chamavam aflitas, Carlos acordou e viu-se deitado em um leito repousando.
Ao ser abordado por um enfermeiro que estava ao seu lado, Carlos sentiu um grande alívio, afinal pensava ele, apesar de sua imprudência ele ainda estava vivo.
Sim, Carlos estava vivo, talvez não da forma como ele acreditava e desta vez cercado de verdadeiros amigos que dele cuidariam e o orientariam, para que ele não voltasse mais a cometer erros em seus julgamentos e atitudes.
Para sorte de Carlos, a vida realmente continua, e há sempre uma segunda chance para recomeçar.
Na pressa para se viver a vida no limite, abusando de forma inconseqüente de todos os prazeres que ela nos proporciona, muitos de maneira prematura abreviam sua jornada, deixando para depois assuntos inacabados que cedo ou tarde deverão ser resolvidos.
A nossa consciência será sempre a nossa maior juíza.

Autoria: Maurício Ramos



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