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domingo, 20 de maio de 2012

11º Trecho do Livro - A menina e o violino


Naquela manhã, Mário sentia um grande desconforto em seu peito, não por alguma razão física aparente, apesar de sua saúde sempre fragilizada, mas pela noite de sono mal dormida em que seus pensamentos lhe fervilhavam na cabeça.
Ao subir no bonde costumeiro que o levaria a uma estação próxima de seu local de trabalho, seus pensamentos ainda estavam focados nos últimos acontecimentos da semana, onde recordava os seus diversos credores, já impacientados com a demora em receber os valores devidos por ele, o cobrarem cada vez mais acintosamente, apesar da promessa de que assim que lhe fosse possível, não tardaria em pagar-lhes cada centavo devido.

Autoria: Maurício Ramos

sábado, 19 de maio de 2012

Book Trailer de meu Livro - A menina e o Violino


 "Um livro que mostra a vida humilde e sofrida de uma garotinha nos meados dos anos 30, suas dificuldades e seu amor por sua família e pela música do violino de seu pai, um humilde operário.
As vicissitudes de uma época e a força de uma grande amizade."

As dificuldades financeiras de seus pais, não impediram a pequena Dirce de sonhar com um futuro melhor, conduzidos pelas veredas da vida, a mudança necessária deu início a uma grande amizade que marcaria sua vida para sempre.
A dor e a incerteza eram companhias constantes desta família, que com muito amor e dedicação buscavam a superação de suas adversidades, na união e na esperança.
A certeza de que sempre haverá uma luz a nos amparar em todos os momentos de nossas vidas, por mais improvável que pareça.O sofrimento por mais penoso que seja é sempre passageiro e uma nova alvorada se descortinará permitindo novas oportunidades e a realidade de uma vida plena de paz e reencontros benfazejos. 

Lançamento pelo Clube de Autores em Junho/2012

quinta-feira, 17 de maio de 2012

A angústia do ser


Todos sabem que dores das mais diversas espécies são sempre passageiras.
Porém, as marcas que algumas deixam de maneira quase imperceptível na essência de nosso ser, são traumáticas e altamente nocivas.
As dores físicas são na maioria das vezes causadas por fatores materiais, e o tempo encarrega-se de curá-las restando no muito algumas cicatrizes.
Agora, as dores da alma que nos estraçalham o ser e não nos permitem ao menos um alivio passageiro, são por demais cruéis e profundas.
O pior sentimento que pode acometer uma pessoa é a angustia, esta sensação de impotência perante os problemas que não possuem pelo menos em curto prazo uma solução aparente.
Angustiar-se é sentir-se esvair em lágrimas de dor e insegurança, é permitir que todas as incertezas da vida venham a tona, afogando-se em medos e preocupações.
A vida deveria ser um suave caminho a ser percorrido, mas a realidade dura das provas existenciais afasta de forma rígida qualquer devaneio neste sentido.
Em momentos em que o amanhã representa mais um motivo de preocupação do que uma esperança de satisfação, a angustia se instala de maneira soberana e autoritária esmagando sob seus pés a felicidade e a vitalidade do ser.
As lágrimas de um ente querido em sofrimento possuem a força de uma correnteza selvagem, que varrem de maneira catastrófica toda e qualquer aspiração à felicidade que se possa ter.
O único remédio existente para uma alma angustiada é a esperança em dias melhores, vislumbrando um amanhã com novas oportunidades e a certeza de um novo porvir, que como tudo o que nasce puro e inalterado pode ser mais feliz e renovador.
Cada lágrima perdida é como uma camada a mais, a revestir a já calejada existência, nesta viagem sem destino definido e cercada de incertezas, chamada vida.




Maurício Ramos

  



segunda-feira, 14 de maio de 2012

10° Trecho do Livro - A menina e o violino


No momento de se deitarem, o lampião era então apagado para economizar o querosene, e para não deixar o quarto em total escuridão, eram acesas duas lamparinas a óleo, que permaneciam com suas pequenas chamas acesas durante toda a noite, deixando uma atmosfera aconchegante e ao mesmo tempo misteriosa.
Nas noites de chuva forte e raios que cortavam o céu, a pequena Dirce observava pelos vãos existentes entre as telhas de seu telhado sem forro, os clarões que percorriam a escuridão da noite e gelavam seu sangue de pavor.
Nessas noites, inevitavelmente a pequena garota corria aflita até a cama de seus pais e se abrigava entre eles com sua cabeça coberta pelos lençóis. Nada era mais assustador para ela que os barulhos provocados pelos trovões, e estar ali aconchegada entre seus pais, lhe deixava segura e em paz, onde adormecia tranqüila.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

O Ciclo da vida


Uma nova jornada inicia com o despertar de uma consciência adormecida.
Nesta etapa de readaptação, a luz que nos envolvia a pouco em um plano superior é agora ofuscante e incômoda.
Inteligências atuantes e conhecimentos pré-concebidos permanecem latentes, porém inacessíveis.
A vida agitada de outrora é agora um mundo totalmente novo e repleto de novas possibilidades de escolhas e aprendizados.
O caminhar firme e a prepotência inerente ao ser, é neste estágio substituída pelo passo cambaleante e a inocência da humildade de um olhar indefeso suplicante  por ajuda.
Anos se vão em etapas cada vez mais distintas de aprendizagens e quedas, tanto físicas quanto morais na busca do crescimento e da afirmação como ser vivente.
Atingi-se a maioridade física, porém a evolução é lenta e contínua, em busca do aperfeiçoamento necessário ao crescimento.
Novas etapas vão surgindo e em meio a responsabilidades e prazeres, têm-se sempre opções de escolhas que marcam de forma tênue, mas definitiva o destino de chegada.
Escolhas são livres e espontâneas, porém cabe a nós o ônus por elas gerado.
Nem sempre as estradas mais largas levam a locais aprazíveis, mas o burilamento dos caminhos espinhosos aparam as arestas e conduzem a reflexão e ao discernimento.
A vivência em sociedade é um teste à paciência e a civilidade, em um orbe de seres em sua grande maioria obcecados por bens materiais e reconhecimento público.
A passagem dos anos trás experiência e tato e nos possibilita reativar conhecimentos e valores até então adormecidos.
Com os anos inicia-se o desgaste e com ele limitações e reflexões sobre uma existência de erros e acertos.
O vigor é então substituído pelo bom senso e com ele novas fronteiras se abrem em detrimento do orgulho e da vaidade.
Valores até então despercebidos iniciam a florescer, colocando maior amabilidade e condescendência no trato para com o próximo.
A debilidade do físico acarreta dores e sofrimento, mas trás como consequência a certeza de mais uma etapa vencida na luta pela evolução.
O esgotamento da energia vital conduz novamente ao estado inerte do físico e descortina de forma clara e acolhedora uma realidade mais viva e definitiva em uma condição mais leve e ampla de sentidos e sentimentos.
Este é o ciclo da vida, um mero instante da eternidade do ser, mas responsável pela evolução definitiva obtida por repetição exaustiva até a conquista de seu ápice, o aprimoramento incondicional de suas faculdades.

Autoria: Maurício Ramos

terça-feira, 8 de maio de 2012

9° Trecho do Livro - A menina e o violino


Dirce, tinha um carinho especial por seu pai, embora amasse muito sua mãe, mas a cumplicidade entre os dois era muito maior, todas as noites ao chegar do trabalho, mesmo muito cansado ele lhe dava muita atenção.
Contava-lhe histórias infantis, sentado em uma cadeira ao lado de sua cama, sob à luz bruxuleante do velho lampião a querosene.
O quarto em que a família vivia, possuía duas camas, uma de casal e outra de solteiro onde a pequena Dirce dormia.
Havia ainda três cadeiras de madeira, feitas de material muito pesado e compacto, difícil de se arrastar, pelo menos era assim que Dirce pensava, e uma mesa de madeira colocada próxima a porta.
Na parede do lado esquerdo do quarto, ficava o velho lampião de querosene com sua proteção de vidro trincada, que servia para iluminar o recinto durante todas as noites.

Autoria: Maurício Ramos

domingo, 6 de maio de 2012

A divina missão de ser Mãe.

A sapiência do criador permitiu que as mulheres fossem em sua grande maioria dotadas de maior sensibilidade e compaixão.
Frágeis criaturas no que tange a constituição física são na verdade portadoras de grande força espiritual e determinação, conduzidas pelo sentido de proteção e amor ao próximo.
Almas especiais de características tão raras, assumiram a missão maior de dar vida e conduzir para a evolução, tantos outros que necessitam seguir por este caminho de desventuras e aprendizado.
Missionárias do amor incondicional, capazes de suportar sofrimentos atrozes em detrimento da felicidade e bem estar de seus filhos, ser mãe significa muito mais que um título ou condição matrimonial.
Ser mãe é representar de forma clara e soberana o amor em seu sentido máximo, é caminhar com pés descalços por entre pedras torturantes, carregando em seus braços o fruto de seu ventre, garantindo-lhe a segurança e proteção necessárias para a realização de sua jornada.
É no toque suave de uma mãe que acaricia seu filho, que a essência do bem querer e da resignação fazem-se presentes e soberanas.
Não há dor mais profunda que o sofrimento de uma mãe que vela por seu filho querido, sem, contudo possuir condições de ajudá-lo ou protege-lo, minimizando suas dores.
Almas em missão divina, escolhidas especialmente para gerar e educar no caminho do bem os novos moradores deste planeta, possui na suavidade das palavras e no doce do olhar uma faísca viva da chama do amor universal.
Agradecidos somos todos nós, que agraciados fomos por termos em nossa jornada a companhia diária e protetora de tão belo anjo celestial, que nos alimentou não somente com seu leite materno, mas principalmente com os mais puros fluidos de amor e compreensão.
Obrigado mãe... Muito obrigado!

Autoria: Maurício Ramos

sábado, 5 de maio de 2012

8° Trecho do Livro - A menina e o violino

A menina era realmente muito sapeca, feliz e falante, sempre conseguia uma maneira de brincar de alguma coisa, mesmo que o local onde moravam e a condição financeira, não lhe favorecessem em nada.
Suas brincadeiras favoritas eram pular corda, o que fazia de maneira muito ágil devido a seu corpinho esguio e brincar de amarelinha, onde ela com um pedaço de carvão tirado do fogão à lenha de sua mãe, desenhava rabiscando o chão do pátio que havia defronte ao quarto onde moravam.
Dirce, também era possuidora de uma imaginação no mínimo fértil, onde conseguia criar sem muito trabalho, aventuras que vivia com seus amiguinhos imaginários, desde florestas perigosas até vales encantados rodeados de cachoeiras mágicas e lindos pôneis azuis.
Sim, ela era muito feliz, mesmo porque seus pais evitavam deixar que ela percebesse a preocupação, que por diversas vezes os atormentavam, preocupações essas com a falta de recursos para o mais básico, bem como com a saúde cada dia mais fragilizada de seu pai.
Uma coisa que chamava a atenção de Dirce, era a atividade de seu vizinho, Sr. Manoel, que para manter o sustento da família utilizava-se de parte do espaço do pequeno pátio para deixar secando algumas peles ao sol, o cheiro forte de curtume que por vezes pairava no ar, fazia com que sua imaginação de criança, acreditasse que ele era um grande caçador de ursos, como aqueles que seu pai lhe contava nas histórias em seus livros infantis, e imaginava batalhas épicas entre aquele português bigodudo e os enormes ursos pardos.

Autoria: Maurício Ramos

terça-feira, 1 de maio de 2012

Conto - Luz da madrugada.

Era mais uma fria madrugada deitado naquela calçada sob uma marquise de um prédio.
Não que Osvaldo já não estivesse acostumado a isto, afinal desde muito jovem vivia perambulando pelas ruas em busca de alimento e alguns trocados.
A baixa temperatura agredia seu sofrido corpo, desprovido de agasalhos adequados a intempérie desta época do ano.
Virando-se de lado, buscando de alguma forma se cobrir com os curtos trapos que utilizava para proteger-se, Osvaldo tinha como companhia na fria calçada mais alguns pobres indigentes que como ele lutavam pela sobrevivência, mesmo que sobreviver significasse prolongar o sofrimento de uma existência de privações.
O frio que amortecia as extremidades de seu corpo era muitas vezes amenizado por uma sopa quente que almas generosas lhe ofertavam em algumas frias madrugadas através de serviços assistenciais privados.
Eram estas pessoas que muitas vezes acabavam por comunicar as autoridades locais, que alguns destes sofridos cidadãos jaziam sem vida enrijecidos pela baixa temperatura que ceifara-lhes a vida.
Acostumado à triste sorte que lhe era imposta, Osvaldo não tinha como hábito reclamar da falta de coisas materiais, mas magoava-lhe acintosamente o desprezo e o pouco caso que lhe eram dirigidos por sua situação financeira.
Naquele dia desde cedo, ele não se sentira muito bem, com dores que lhe incomodavam e forte pressão no peito, que causava-lhe certa dificuldade em respirar.
Deitado de barriga para cima, para melhor se acomodar tentando diminuir o desconforto que estava sentindo, Osvaldo olhava fixamente para a luz acesa do poste de iluminação pública, que ficava sobre sua cabeça.
Como que uma mariposa hipnotizado pela luz que emanava do poste, ele notou que sua intensidade aumentara, transmitindo-lhe de alguma forma uma onda de calor que fazia com que se sentisse mais confortado e aquecido.
Com os olhos fixos, Osvaldo sem esboçar qualquer reação, observou a luz aumentar de tamanho e intensidade de calor, como se estivesse descendo ao seu encontro.
A sensação de bem estar era tamanha próxima aquela luz, que Osvaldo não sentiu qualquer receio ou preocupação com o fato até então, nunca presenciado por ele.
À medida que o facho de luz dele se aproximava, Osvaldo ia como que amortecendo seus sentidos e suas dores, que a pouco estavam estraçalhando seu peito desnutrido e mal agasalhado, esvaneciam como que por encanto.
Envolvido pelo calor reconfortante daquela luz, Osvaldo adormeceu tranqüilo, deixando para trás a vida sofrida de privações e sofrimentos, para enfim poder desfrutar de um pouco de consideração e sentimentos de irmandade e compaixão.
Seria mais uma manhã como outra qualquer naquela grande cidade, onde mais um ser rejeitado pela sociedade e largado a própria sorte, amanheceria sem vida em uma fria calçada, onde muitos pedestres que por ali circulavam nem notariam o que havia lhe acontecido.
Amanheceria mais um dia repleto de egoísmo e intolerância em uma sociedade mesquinha e violenta, mas não mais para Osvaldo, que teria daquela madrugada em diante, uma nova chance para evoluir e ser feliz.
A vida é um grande desafio, cheia de provações e obstáculos, que podem e devem ser amenizados com o calor humano e a compaixão para com o próximo.

Autoria: Maurício Ramos