Saudade

Palavra singular em nosso vocabulário, sem tradução para os demais idiomas existentes no mundo.

Sentimento único e arrebatador capaz de ferir e ao mesmo tempo trazer doces recordações de pessoas queridas e momentos felizes.

A saudade ocupa o espaço de alguém que nos foi muito caro, de um ser especial em suas maneiras e gestos, que com singularidade preencheu de forma única nossa existência.

Como definir um sentimento de vazio e ao mesmo tempo de alegria deixado em nós, feito lacuna a ser preenchida?

Como expressar a dor cruciante e repleta de doçura, causado pela ausência de alguém que fez parte de nosso caminho e marcou de maneira sutil e profunda cada segundo vivido ao seu lado?

Cada palavra, cada gesto ou comportamento compartilhado no passado, gera no presente um sentimento nostálgico e singular de carência e solidão.

No decorrer de nossa jornada, entes queridos e imprescindíveis a nossa trajetória, moldam dia a dia nossa conduta e sensibilidade em um aprendizado único de permuta e conquistas.

A vida é experiência particular do ser, compartilhada com amor e desprendimento com companheiros de viagem que compõem nossa família física e espiritual, marcada pelo sentimento de gratidão e afeto por cada segundo vivido em harmonia e cumplicidade.

A partida de um ente querido, mesmo que passageira e transitória na jornada terrena é estopim aceso para emoções profundas e inexplicáveis, que uma única palavra tenta em vão conseguir exprimir a profundidade  do sentimento envolvido.

Saudade, palavra sem tradução, pois nem mesmo a alma é capaz de definir suas dimensões e sua  abrangência no vasto e misterioso âmago de cada ser.

Autoria: Maurício Ramos